Entrevistando gòticos.

domingo, 1 de maio de 2011.



ESSA ENTREVISTA FOI TIRADA DO SITE OBAOBA,E TODAS PERGUNTAS SÃO DE INTEiRA AUTORIA DO SITEE DE SES ENTREVISTADORES!!

Eles vestem roupas pretas e visitam cemitérios durante a noite. São adoradores dos poetas românticos e simbolistas como Álvares de Azevedo e Baudelaire. Ainda costumam ter uma certa fixação por temas que abordam a morte. Suas peles são extremamente brancas e os cabelos pretos, vermelhos ou púrpuros. Os olhos são bem contornados por lápis preto e há também os que utilizam lentes de contato coloridas ou brancas. Nos pés, coturnos para os homens e botas de plataforma com meia arrastão para as mulheres.
Toda esta estética define um pouco do que são os góticos. Eles, inspirados pela Era Vitoriana do século XIX, acreditam que, desse jeito, seu visual possa ganhar ares de nobreza (como no filme ‘Entrevista com o Vampiro’).
Para explicar melhor quem são os góticos e o que pensam, o !ObaOba conversou com três exemplares da tribo. Cicuta, que tem 50 anos, é artesã, mora em São Paulo e continua circulando pelo mundo gótico. Escreve e organiza o site Umbraum. Fabio Arbartavicius, 29 anos, encarregador de CPD, mora em Santo André e escreve no site GoticoSP. Juliano Backer, que comanda o blog Coração Gótico, é natural de Iraí (RS) e mora em Chapecó (SC). Tem 28 anos, trabalha como músico em três bandas e como auxiliar administrativo durante o dia.

ObaOba: O que é ser gótico?
Cicuta: Vou tentar resumir. É uma espécie de romantismo muito ligado ao século XIX, ao Spleen, ao amor inatingível. Afinidades entre os góticos é amar a lua, gostar de poesia e poetas como Álvares de Azevedo, Fernando Pessoa, Edgard Alan Poe, ser apaixonado pela arquitetura gótica e nunca ser agressivo ou se meter em brigas.
Fabio Arbartavicius: Ser gótico hoje em dia é basicamente gostar de algumas coisas que não são vistas como normais pela sociedade como alguns tipos de filmes, literatura, noite, roupas e sons.
Juliano Backer: Tá aí algo que não gosto muito. Alguém afirmar que é gótico. Parece um tanto limitado. Todos somos muitas coisas ao mesmo tempo. Particularmente, nunca gostei de ser chamado de gótico ou de afirmar que era um. Ser gótico não se resume e nada tem a ver com beber vinho no cemitério, ouvindo Lacrimosa. Essa associação limitada é muito comum em adolescentes, que ainda estão procurando seu lugar e formando seus grupos de “iguais”, algo que é totalmente natural.
!ObaOba: Quando começou a se interessar pelo mundo gótico?
Cicuta: Não sei te dizer isso. Desde os 13 anos de idade tinha fascínio em passear em cemitérios durante o dia com uma amiga. Éramos nós com o silêncio e o mundo lá fora, distante... Acho que era como uma fuga do mundo.
Juliano: Na verdade eu já gostava de muita coisa da cultura gótica desde a infância, mas não dava nome ao que gostava. Quando chegou a adolescência, procurei saber mais sobre o assunto e a chegada da internet foi de grande ajuda nesse sentido.
Fabio: Eu comecei em 1997, indo ao Madame Satã.
!ObaOba: Quais preconceitos sofrem um gótico?
Fabio: O preconceito mais comum é pelo tipo de roupa, maquiagem e cabelo que usamos. Se você anda durante o dia assim na rua, todos ficam olhando e comentando.
Cicuta: Todo tipo, principalmente ser do mal. Hoje mesmo ouvi uma senhora contar que o filho de uma conhecida arrumou uma namorada, que ela achava ser gótica por causa das roupas e que ela havia influenciado o menino a fazer um pacto de sangue.
Te confesso que estas coisas me deixam perplexa com tamanha falta de informação, mas também tem muita gente fazendo besteira e batendo no peito, se intitulando como gótico, sem ter a noção do que realmente é.
Juliano: As pessoas têm medo e geram preconceitos daquilo que não conhecem. O visual sombrio, poesias fúnebres, músicas melancólicas, tudo isso gera desconforto às pessoas acostumadas às futilidades alegres repassadas pela mídia. Elas vêem nos góticos o mal. Isso obviamente é uma grande bobagem, uma vez que os góticos são pacíficos e não desejam o mal a ninguém.
!ObaOba: Qual tipo de música você escuta?
Juliano: Nazareth, Led Zeppelin, Black Sabbath, Deep Purple, Rush, Uriah Heep, AC/DC, Pink Floyd, Rammsteins, e a lista vai embora…
Fabio: Bahaus, Sisters of Mercy, Joy Division.
Cicuta: Lacrimosa, Placebo, Smiths, Dead Can Dance, The Cure. Mas, gosto de outros gêneros também.
!ObaOba: Quais shows de bandas góticas você gostaria de assistir?
Cicuta: Nick Cave e Dead Can Dance.
Fabio: Já vi o Sisters of Mercy, mas têm muitas bandas que poderiam vir ao Brasil como London After Midnight, Type o’Negative.
!ObaOba: Qual tipo de balada você freqüenta?
Fabio: Antes existiam várias casas góticas em São Paulo, mas hoje temos poucas opções. Só algumas festas que são organizadas em casas noturnas como a TribeHouse e a Ocean Club.
Cicuta: Cheguei a conhecer o Armaggedon na década de 80. Ia muito ao Madame Satã antes de fechar as portas. Ultimamente, reencontro com meus velhos amigos em reuniões mais particulares e daí ouvimos as velhas músicas e as novas também. Estou também em lugares onde meus amigos vão discotecar.
Juliano: Não freqüento baladas. Prefiro um bar com os amigos, um teatro ou um bom show de música.
!ObaOba: Ser gótico é um estilo de vida?
Fabio: Sim. É um estilo que você não precisa seguir nenhuma moda, somente o seu gosto sem se importar com o que a sociedade vai pensar.
Cicuta: Acaba sendo. Na minha casa, nas minhas roupas, no que observo. Muitas vezes o feio para os outros é belo para mim.
!ObaOba: Os góticos parecem carregar uma tristeza infinita, um certo descontentamento com o mundo e com as pessoas ao redor. É verdade ou isto é apenas um estereotipo?
Cicuta: É verdade. Os góticos costumam ser um tanto quanto depressivos mesmo. Isso ocorre mais entre os adolescentes, coisa muito normal em qualquer turma durante estas mudanças hormonais. Isso já foi defendido por uma psicóloga, que não recordo o nome, que entre os góticos um apóia o outro. Não é feio e nem errado assumir suas tristezas.
!ObaOba: Como é o visual de um gótico?
Fabio: O visual gótico se baseia no preto, mas não é regra. Muitos usam vermelho, roxo, sempre com coturnos e uma maquiagem muito intensa no rosto. Correntes e acessórios sempre completam o visual.
Juliano: O arquétipo do gótico é simples: roupas pretas ou brancas (ausência de cores), que podem ser em estilo renascentista, social, casual. É comum maquiagem, mesmo nos homens, geralmente em tons escuros nos olhos. Cabelos pintados de negro. Nas mulheres, o mais comum é bota de cano alto e saia, o famoso visual bruxinha. Um visual mais fetichista, com roupas em latéx, couro, corpetes também remetem ao universo gótico.
Cicuta: O meu visual pelo menos é sempre preto. Raramente coloco outra cor. As roupas negras já fazem parte do meu dia a dia, tenho dificuldades em comprar roupas coloridas, não nenhuma peça rosa ou azul bebê no meu guarda roupa.
!ObaOba: Como foi a aceitação familiar em relação ao estilo gótico?
Juliano: Eu não costumo utilizar o visual gótico fora dos shows com a minha banda, mas tive uma fase de andar sempre no visual e nesse período meus pais não se importaram e nunca falaram nada sobre o assunto. Inclusive, eles se mostraram interessados em conhecer e entender melhor o assunto.
Fabio: Nunca tive problema, pois não me atrapalha em nada na minha vida cotidiana.
Cicuta: Não tive muito problema. Apenas, antes de sair com a família, eu tinha que trocar de roupa. Aquela época era estranha, muitas broncas. Tenho alguns amigos que contam que sempre foi uma guerra na família.
!ObaOba: Cicuta, você tem uma filha de 26 anos que mora com você. Como ela encara o teu estilo?
Cicuta: Ela tem um outro estilo, usa dread e dança maracatu. É toda colorida. Embora ela não curta o goticismo, me respeita e fica feliz quando saio para dançar. Sempre que me arrumo, passo por ela e pergunto se estou bem. Não sinto reprovação.
!ObaOba: Como você acha que a sociedade interpreta a figura de um gótica?
Cicuta: Nossa! Como do mal, pessoas perturbadas, desequilibradas, drogadas, depressivas, que adoram ver os mortos no cemitério. Imaginam que exista um ideal, uma filosofia a ser pregada ou mostrada ao mundo, como os punks, por exemplo, que carregam todo um histórico político, coisa que os góticos não têm.
!ObaOba: Então, os góticos não querem transmitir nenhuma mensagem, é isso?
Cicuta: Realmente nenhuma, acredite em mim. Não existem lutas ou objetivos como metas a serem mostrados ou pregados. Talvez seja este um ponto que perturbe muita gente, que não compreendem que ser gótico é apenas ser gótico.
!ObaOba: Existe alguma relação entre a cultura gótica e o satanismo?
Fabio: Pelo que sei nenhuma, muito pelo contrário.
Cicuta: Não tem nada a ver. Gótico não é religião e não está ligado a nenhuma seita. Cada qual segue a sua religião. Religião não é imposição nem atributo para ser gótico, mas uma coisa que observei é que a maioria é filho de protestantes, eu diria que uns 70% ou mais. Nenhuma das pessoas que conheço têm como religião o satanismo.
!ObaOba: E com o vampirismo?
Fabio: Muitos góticos gostam de filmes e literatura vampírica. Talvez, porque o vampiro seja um ser noturno e tenha algumas características que se assemelham ao visual gótico.
Cicuta: Conheci algumas pessoas que curtiam, mas até o ponto em que observei, ninguém bebia sangue.
!ObaOba: O que você acha de freqüentar cemitérios a noite?
Juliano: É uma experiência desmistificadora. Pessoas “normais” costumam ter medo de cemitérios. Eu tenho medo dos vivos, os mortos não fazem mal a ninguém, apenas deixam saudades. O motivo que leva alguém a ir a cemitérios é pessoal. Alguns acham que é um lugar calmo, outros por misticismo, outros pela arte. Pode ser uma forma de encarar o mito da morte ou enfrentar o conflito de seu próprio desejo pela morte.
Cicuta: Adrenalina bem alta! Só que anda muito perigoso, muitos conflitos entre gangues. Namorar lá dentro deve ser ótimo, é só não ficar pensando em quem já morreu.
!ObaOba: Você tem o costume de freqüentar cemitérios?
Fabio: Eu já fui a cemitérios a noite como o da Consolação e o São Paulo, mas não vou mais. Muitos góticos gostam de ir para apreciar as artes.
Cicuta: Conheço todos. Adoro ver os túmulos que contam histórias. Ultimamente, só tenho passado rapidamente de carro e pelo lado de fora. Me enamoro pelos anjos que parecem flutuar no céu por cima do muro. Ando com vontade de dar uma volta, mas nada depressivo, apenas um passeio bonito. Aqui em São Paulo tem até visita monitorada.
Juliano: Não tenho o costume, mas gosto de conhecer os cemitérios de algumas cidades quando estou viajando, principalmente se eles forem bem antigos.
!ObaOba: O que mais te atrai na cultura gótica?
Fabio: Acho que tudo, a arte, a literatura, o visual, as músicas...
Cicuta: Saber que não estou só. É como um pensamento sutil entre nós, que só um gótico mesmo pode entender. Não gosto de patricinhas ou peruas. Elas falam alto em baladas, dão trombadas e não pedem desculpas, é tudo iuhuuu! Sabe aquele gritinho insuportável? Cabelinhos chapeados, um bronze artificial de salão e roupinhas cheias de brilhos e lantejolas. Isso definitivamente não dá. Pessoas que não riem à toa e usam coturnos são bem mais atraentes.
!ObaOba: Por que a maioria dos góticos vestem preto e têm os cabelos longos?
Fabio: No começo, os góticos usavam preto para se mostrar de luto com algumas coisas que aconteciam na sociedade.
Cicuta: Talvez pela anti-moda. Pode observar como as roupas sempre pendem ao romantismo: babados, saias longas, olhos pintados teatralmente.
!ObaOba: O que você diria para as pessoas que não entendem o estilo gótico de ser?
Fabio: Acho que a sociedade deveria ter menos preconceito em relação ao que as pessoas vestem ou escutam. Ninguém pode julgar sem conhecer.
!ObaOba: Frase ou filme preferido?
Juliano: A lista é muito grande, mas com a temática gótica “Drácula”, “A Cela”, “O Labirinto de Fauno”, “O Corvo”.
Fabio: Entrevista com o Vampiro.
Cicuta: Uma frase de Oscar Wilde: “o egoísmo não consiste em vivermos os nossos desejos, mas sim em exigirmos que os outros vivam da forma como nós gostaríamos. O altruísmo consiste em deixar todo o mundo viver do jeito que bem quiser”.

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