MATERIA- CINEMA DE HORROR/POR :Sérgio H.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010.






Poucos contestarão a idéia de que o medo e o terror são estados ideais a serem retratados pelo cinema. Que outra mídia poderia captar os sons, as imagens, os climas e situações que compõe o genuíno terror de maneira mais digna?

O conceito vigente de horror em meados do século (XIX), quando os primeiros experimentos com sais de prata foram realizados, levando a descoberta da fotografia, e o aperfeiçoamento das técnicas de captação de imagem até o surgimento do cinema, era, naturalmente, o horror gótico.O termo "gótico" foi aplicado a este tipo de horror muito depois que sua importância se deu em matéria de produção constante. Trata-se do horror com "classe", "chique”, "estiloso" o antigo horror europeu, de cadeiras de couro, cortinas de veludo e mortes com pouco sangue. O Horror gótico, de maneira geral, centra-se em cenários típicos da Europa medieval: Castelos, afastadas mansões mal-assombradas, pequenos vilarejos no interior da Europa. Homens de cartolas e fraques, damas de longos vestidos e cabelos bem arrumados, velas com sua luz amarelada, afastando (mas não muito) a escuridão, carruagens, longas capas negras, teatros mal-assombrados, seqüestros, lutas de espada, festas a fantasia com máscaras aterrorizantes, fantasmas nos esgotos de Paris, assassinatos misteriosos e corvos negros que repetem "nunca mais" e sempre um pequeno filete de sangue rubro compõe o clima desse tipo de Horror. Temos como obra literária marcante do horror gótico (pouco antes da invenção do cinema) o conhecido Drácula, de Bram Stoker, que estabeleceu o padrão (mais tarde estereotipado) do gênero. Os escritos do americano Ambroise Bierce (desaparecido após ir para a guerra no México, no inicio do século vinte. Curiosamente, Bierce tem inúmeras histórias de horror que lidam com desaparecimentos) Edgar Alan Poe, Guy De Maupassant, Arthur Conan Doyle, Mary Shelley, Robert Louis Stevenson, Anatole France, M. G. Lewis, Charles Maturin e muitos outros deram a base para o surgimento dos primeiros fotogramas de terror. Aparecendo inicialmente em curtas realizados por pioneiros como George Méliès A Mansão do Diabo, 1896) e Thomas A. Edison (Frankenstein, 1910),o terrorganhou seu primeiro longa-metragemem 1919, naquele que é até hoje umadas mais perfeitas obras primas do gênero: O Gabinete do Dr. Caligari. Arte emestado puro – delirante, assustador e inimitável - aborda temas que traçaram o perfil do gênero nas décadas seguintes: mortos-vivos, assassinatos, loucura, amor e morte. Caligari inaugurou o expressionismo alemão, que gerou ainda mais obras mórbidas e obsessivas como Nosferatu, uma Sinfonia do Horror (1922), primeira adaptação do romance Drácula, de Bram Stoker, com direção de F. W. Murnau.
O primeiro grande astro do gênero foi Lon Chaney, também um mestre da maquiagem, que estrelou as primeiras versões de O Corcunda de Notre Dame (1923) e O Fantasma da Ópera (1925). A década de 30 revelou Bela Lugosi, que atuou em cerca de 70 filmes (muitas vezes no papel de vampiro aristocrático); e aorl. Kadow, que começou como o monstro de Frankenkein, passou por comédias góticas produzidas por Roger Cormam nos anos 60 e terminou em lamentáveis produções mexicanas. Vincent Price (1911-1993) também foi essencial para a popularidade do gênero. Como o alucinado Dr. Phibes, criou o vilão mais adorado do cinema, temperando o horror com um sofisticado humor negro.
O filme alemão Nosferatu não pôde usar o nome "Drácula" por problemas com herdeiros de Stoker, e assim a primeira versão oficial do romance foi realizada em 1931, pela Universal. O sucesso do filme elevou o húngaro Bela Lugosi ao estrelato, e deu inicio à longa série de filmes clássicos do estúdio. Nos anos seguintes vieram Frankenstein, A Noiva de Frankenstein, A Múmia (Os três estrelados por Boris Karloff), O Homem Invisível (único papel central de Claude Rains), O Lobisomem (com Lon Chaney Jr.) e Freaks, filme polêmico dirigido em 1932 por Tod Browning, que aterrorizou as platéias colocando no elenco verdadeiras aberrações do circo. O império de horror da Universal chegou até o meio dos anos 40, quando o próprio estúdio satirizou seus monstros (em encontros com dupla Abbott & Costello).
Com A Maldição de Frankenstein (1957), o estúdio inglês Hammer iniciou uma nova era para o terror. Seus filmes tinham uma atmosfera gótica temperada com sangue vermelho, nas primeiras versões coloridas de Frankenstein, Drácula, Lobisomem, Múmia e outros monstros. O estúdio revelou atores como Oliver Reed e a dupla Peter Cushing e Christopher Lee (que passaram uma década caçando um ao outro vampiros ou monstros), além de diretores como Terence Fisher e Freddie Francis. Mas foi mesmo Alfred Hitchcock quem criou a obra mais perturbadora e revolucionária da década de 60. Psicose é a verdadeirasemente de todos os filmes sobre serial killers. Baseado no caso real do canibal Ed Gein, mostrava que o verdadeiro horror (aquele de tirar o sono) não reside no sobrenatural, no fantástico; mas no cotidiano moderno, bem ao nosso lado... O mesmo Gein serviu de base para outros dois clássicos: Deranged (1974) e O Massacre da Serra Elétrica (1974, de Tobe Hooper), provavelmente o filme de terror mais importante da década de 70. Em épocas mais recentes, serial killers viraram ícones pop nas cine-séries Halloween, Sexta-Feira 13 e A Hora do Pesadelo. O horror é o único gênero capaz de consagrar até mesmo diretores medíocres como Ed Wood Jr., que ficou famoso com seu infame Plan 9 from Outer Space (considerado o pior filme da história e resgatado por Tim Burton na biografia Ed Wood). Herschel Gordon Lewis é outro que escreveu seu nome na história do gênero graças ao exagero. Banquete de Sangue e Maníacos tomaram-se clássicos B dos drive-in nos anos 60 devido aos verdadeiros banhos de sangue que ainda hoje impressionam. Em 1968, o jovem George A. Romero filmou A Noite dos Mortos Vivos, o primeiro de sua trilogia sobre zumbis, copiado à exaustão. O filme mistura crítica social (os cadáveres são reanimados por contaminação radioativa), terror psicológico e violência explícita. Até o Brasil contribuiu para o gênero. José Mojica Marins, mais conhecido por seu personagem Zé do Caixão, realizou uma série de filmes de horror, de recursos precários mas ricas em imaginação e criatividade.. Ganhou fama mundo afora, mas pouquíssimo reconhecimento em seu próprio país.

Os primeiros grandes sucessos de bilheteria surgiram nos anos70. O Exorcista (1973) conseguiu a façanha de ser o primeiro filme de horror a ser indicado à categoria principal do Oscar. Já a nova safra é formada por cineastas que recriam fórmulas consagradas. Diretores como Sam Raimi, Stuart Gordon e Fred Olen Ray realizam obras reprisando temas de filmes clássicos ou de produções a quase esquecidas. O escritor Stephen King nunca escondeu que seus livros são versões recontadas de obras famosas. Seus romances renderam obras-primas como O Iluminado e Carrie, a Estranha, se desdobrando em mais de 30 filmes (superando em fama autores como Edgar Alan Poe e H.P. Lovecraft).

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